domingo, 24 de abril de 2011

Feriado




Sabe aquela festa que você não quer ir, reluta com todas as forças, mas seus amigos enchem tanto o saco que você resolve ir. Quando chega acha defeito em absolutamente tudo. Alta hora, de repente, se esbarra com “aquela” pessoa que jamais imaginaria encontrar ali e a noite se torna perfeita?!
Foi assim meu feriado da semana santa. Planejei tanto fazer uma viagem, mas não deu certo.
Primeiro queria fazer trilha no mato, mas a turma desistiu. Depois tentei resgatar milhas e trocar por passagens para visitar minha família em Campinas e também não rolou.
Resolvi parar de me queixar e curtir da maneira que desse, sem planejar nada.
Fiz coisas maravilhosas! Realmente a felicidade está dentro de nós. E viver esses momentos de forma simples é sensacional.
Assisti a vários filmes que estavam na minha listinha há séculos; li um livro em uma sentada; curti a família; estive com aquele amigo que não via há tempo, daquele tipo que você usufrui horas da companhia e não se dá conta. Tomei “aquele” vinho em boa companhia; tomei cerveja e comi o “abusadinho”no Boteco do França (amo esse petisco); Assisti aqueles programas de mulherzinha no GNT sobre moda, comportamento e afins; Coloquei em dia os episódios das séries preferidas. Descobri vídeos bizarros no youtube; ouvi todos os cd’s que havia comprado e nunca tinha escutado com atenção. E, acreditem, tinha cd ainda lacrado; tirei uns sambas difíceis no violão; Ahh! Ganhei cafuné da minha mãe por horaaasss!
Todas essas coisas não têm preço!!
A única coisa desagradável nesses dias foi uma distensão muscular na batata da perna que está me incomodando por demais.
Que venham mais dias agradáveis como estes!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

xeque-mate


Às vezes me sinto o peão do xadrez. Sempre protegendo o rei, completamente desprotegido, correndo o risco de a qualquer momento sucumbir ao próprio desalento.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ancião


Sempre gostei muito de estar perto de velhos. Desde criança. Adorava ouvir suas histórias. Acreditava nelas, mesmo sendo mentiras. Ouvi com muita freqüência na adolescência que eu parecia mais velha do que realmente era. Tinha sempre alguma opinião sobre qualquer assunto. Muito determinada! Hoje talvez concorde e acredite, pelo fato de ter convivido e me alimentado da sabedoria destes anciões. E, claro, existiram algumas situações durante a vida que me forçaram a um amadurecimento prévio. Pois bem, lendo um livro com vários personagens envolvidos em algumas tramas, eis o que mais gosto: Um velho de quase 80 anos. O trecho que resolvi destacar é o final do diálogo entre Lúcia, personagem central e o ancião de 80 anos e resume com total lucidez a “moral” da história.

“Quando se chega a viver tanto quanto eu, enfim, começa-se a intuir que dentro da desordem do mundo há certa ordem. Talvez isso seja produto da minha necessidade, uma defesa ante a desolação e a falta de sentido, mas o certo é que, a cada dia que passa mais evidente me parece que a harmonia existe. Que acima do fragor das pequenas coisas há uma serenidade universal, sublime. Tão universal e tão sublime que certamente serve muito pouco de consolo quando o horror se abate sobre nossa pequenez, sobre o aqui e o agora. Mas às vezes a consciência se consola com essa percepção global do equilíbrio, com intuição de que tudo está relacionado de algum modo. Por exemplo, a dor. Sabia que existe uma síndrome de incapacidade genética de perceber a dor? Pois existe, sim; e as crianças que nascem com essa doença morrem muito cedo, porque não sentem os ferimentos que sofrem e não descobrem as infecções ainda no inicio. São crianças que se queimam ao se apoiarem em estufas ferventes ou que não mudam de posição durante horas, de modo que com freqüência seus braços e pernas necrosam. Quero dizer que até a dor, tão abominável, tão impensável, tão inadmissível, pode ocupar um lugar no sistema, pode ter uma razão de ser: de fato, ela nos ajuda a nos mantermos vivos.”


Ps: Recomendo o livro: A filha do canibal da escritora espanhola Rosa Monteiro.

Nota: Segundo crítica do Jornal espanhol El País, a Filha do Canibal transita entre o suspense policial e o romance de formação. As peripécias do suspense resultam numa viagem ao coração do romance, que consiste na busca de um sentido para a própria vida.
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